Contribuição da profª Marília Emerick
Olá, queridos alunos!
Diante da atual situação do nosso país,
com crise sanitária, política e econômica, precisamos parar e rir um
pouquinho...kkkk...sem deixar a reflexão de lado! Deixo essa crônica de
Veríssimo para deleite nessa sexta-feira!
Aproveito para fazer uma indicação
literária, disponível no site: Portal
Domínio Público: http://www.dominiopublico.gov.br/ :
*Deixe nos comentários seu autor
preferido ou suas últimas leituras! 😊
O BRASIL
EXPLICADO EM GALINHAS
Pegaram o cara em flagrante roubando galinhas de um galinheiro e o
levaram para a delegacia.
D - Delegado
L - Ladrão
D - Que vida mansa,
heim, vagabundo? Roubando galinha para ter o que comer sem precisar trabalhar.
Vai para a cadeia!
L - Não era para mim não. Era para vender.
D - Pior, venda de artigo roubado. Concorrência desleal com o comércio
estabelecido. Sem-vergonha!
L - Mas eu vendia mais caro.
D - Mais caro?
L - Espalhei o boato que as galinhas do galinheiro eram bichadas e as
minhas galinhas não. E que as do galinheiro botavam ovos brancos enquanto as
minhas botavam ovos marrons.
D - Mas eram as mesmas galinhas, safado.
L - Os ovos das minhas eu pintava.
D - Que grande pilantra... (mas já havia um certo respeito no tom do
delegado...)
D - Ainda bem que tu vai preso. Se o dono do galinheiro te pega...
L - Já me pegou. Fiz um acerto com ele. Me comprometi a não espalhar
mais boato sobre as galinhas dele, e ele se comprometeu a aumentar os preços
dos produtos dele para ficarem iguais aos meus. Convidamos outros donos de
galinheiros a entrar no nosso esquema. Formamos um oligopólio. Ou, no caso, um
ovigopólio..
D - E o que você faz com o lucro do seu negócio?
L - Especulo com dólar. Invisto alguma coisa no tráfico de drogas.
Comprei alguns deputados e senadores do PT. Dois ou três ministros do PMDB,
PDT, PSB. Consegui exclusividade no suprimento de galinhas e ovos para
programas de alimentação do governo e superfaturo os preços.
O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a
cadeira estava confortável, se ele não queria uma almofada. Depois perguntou:
D - Doutor, não me leve a mal, mas com tudo isso, o senhor não está
milionário?
L - Trilionário. Sem contar o que eu sonego de Imposto de Renda e o que
tenho depositado ilegalmente no exterior.
D - E, com tudo isso, o senhor continua roubando galinhas?
L - Às vezes. Sabe como é.
D - Não sei não, excelência. Me explique.
L - É que, em todas essas minhas atividades, eu sinto falta de uma
coisa. O risco, entende? Daquela sensação de perigo, de estar fazendo uma coisa
proibida, da iminência do castigo. Só roubando galinhas eu me sinto realmente
um ladrão, e isso é excitante. Como agora fui preso, finalmente vou para a
cadeia. É uma experiência nova.
D - O que é isso, excelência? O senhor não vai ser preso não.
L - Mas fui pego em flagrante pulando a cerca do galinheiro!
D - Sim. Mas primário, e com esses antecedentes...
Vocês sempre arrasando nas indicações. Amei!
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